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Elemento da exposição itinerante "Un Bijou qui voyage"| Erasmus+ 2014-2017

Poison | D. João VI

Para este projecto a nível europeu, tivemos como ponto de partida a escolha de um reinado (personagem/época) de entre 10 apresentados, para descobrir uma estória na história da nação e com ela fazer uma viagem para construir uma memória – a do Anel Que Viaja. Nesta peça teria de ser usada, obrigatoriamente, prata, e outro material secundário. Sendo obrigatória utilização de prata, de um material alternativo e a técnica da cravação estas poderiam ser conjugadas com outras técnicas, tais como: a técnica da cravação e/ou construir mecanismos, estampar, forjar, granular, utilizar a técnica da filigrana, entre outros.

Tendo estes requisitos em mente, escolhi o rei D.João VI- ”O Clemente”. Esta personagem da história de Portugal despertou a minha atenção porque como mais tarde vim a constatar, foi um Rei que muito se especulou e aparentemente pouco viveu. Filho de D. Maria I e de D. Pedro III casou em 1785 com D. Carlota Joaquina, Infanta de Espanha, filha de Carlos IV e de Maria Luísa de Parma. A partir de 1792, assegurou a direcção dos negócios públicos, devido à doença mental da mãe, primeiro em nome da rainha, a partir de 1799, em nome próprio com o título de Príncipe Regente, sendo aclamado rei em 1816. Fugindo para o Brasil perante a invasão de Junot, o monarca terá querido manter a colónia brasileira em poder de Portugal. Chamaram-lhe o Clemente porque ele perdoou todos aqueles que a ele recorriam e no entanto todos foram inclementes para com ele, ninguém lhe perdoou nada que ele fizesse. Morreu em 1826, repentinamente, suspeitou-se desde logo de que havia sido assassinado. Após a análise detalhada e uma visita ao MNAA (Museu Nacional de Arte Antiga), pode reunir um conjunto de elementos e conceitos chave que levaram à minha resposta criativa a este projecto. São esses:

Elementos detalhados remetentes ao Estilo Artístico Império*- Esses elementos podem ser observados na cadeira pertencente a D.João VI, em exposição no MNAA (Museu Nacional de Arte Antiga).

O seu assassinato - A moderna ciência forense não deixa dúvidas; a análise dos seus restos mortais revela concentrações anormalmente elevadas e fatais de arsénico. D. João VI foi efectivamente envenenado. A principal suspeita é a Rainha D. Carlota Joaquina, mas ao certo ninguém sabe.

Conjugando estes elementos, conclui que a melhor forma de os apresentar seria a inclusão de uma réplica formal de um dos elementos decorativos da sua cadeira e de uma pequena caixa, onde simbolicamente estará o veneno que o conduzi-o para esta trágica morte. Como material alternativo o veludo de cor escarlate demonstrou ser uma boa opção, mais uma vez remetendo à sua cadeira.

 

 

*O Estilo Império é um estilo arquitectónico, de decoração de interiores, mobiliário e moda em geral, que se desenvolve em França no início do século XIX, e se insere dentro do espírito neoclássico. Caracterizando-se por Linhas mais rígidas e depuradas que no estilo directório, superfícies planas, solenidade, sumptuosidade. Cujo os seus elementos decorativos surgem da reutilização de motivos da Antiguidade Clássica. Durante este estilo, o mobiliário é maioritariamente feito em nogueira, cedro, faia e é utilizado o bronze para pequenos detalhes.

 

Fotografias referenciarias 

© 2020 por MARIANA COTRIM | JOALHERIA DE AUTOR

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